Nidana, a Mãe Eterna
- Thiago Jacinto
- 17 de jun.
- 2 min de leitura

Nem todos os terrores do Planeta Insano gritam. Alguns sussurram. E entre todos os domínios onde o medo germina, há um que floresce em silêncio, uma vastidão pútrida conhecida apenas como a Região Amaldiçoada.
Ali, a morte não é um fim, mas um convite.
Os antigos murmuram o nome da entidade que ali reside: Nidana. Ela não reina... ela permeia. Não se senta em tronos, mas repousa sob as águas estagnadas, respira pela névoa, vê através do olhar de um único corvo de olhos púrpura que cruza os céus escuros, sempre vigiando.
É dito que Nidana é mais velha que o próprio tempo do planeta. Uma consciência devoradora, que não deseja almas, deseja corpos. Para ela, a centelha da vida, a vontade e os sonhos... são poeira. A carne, os ossos, o peso do que persiste, isso sim, é verdade.
"O corpo, no entanto… o corpo permanece. E o que permanece, é meu.”— Nidana, a Mãe Eterna
As névoas de sua terra não matam. Elas colecionam. Uma vez tocado por seu nevoeiro púrpura, o corpo é marcado, perdido e, mesmo que resista, nunca mais será o mesmo. Os vivos sentem a dor se multiplicar em seus ossos, como se a terra os rejeitasse.
“Não tema a dor. Meus filhos a abraçaram… e a esqueceram.”— Nidana
No coração lamacento da região jaz um Altar da Transmutação. Ali, sob os olhos cegos de estátuas derretidas pelo tempo, corpos retornam. E quando retornam, não são mais o que eram. São filhos da Mãe.Silenciosos. Fortes. Eternos.
Alguns falam de pactos. De acordos. De barganhas com ela.Outros dizem que ninguém jamais saiu de Nidânas por vontade própria, que todo retorno é, na verdade, o envio de uma oferenda disfarçada.
Mas uma pergunta paira entre os sussurros das florestas pútridas e dos pântanos eternos: por que alguém entraria voluntariamente nesse lugar?
A resposta nunca é dita em voz alta.
Talvez em busca de poder. Talvez por promessa de ressurreição. Ou talvez porque já seja tarde demais e os corvos tenham escolhido você.










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